Total de visualizações de página

sábado, 1 de junho de 2013

Elefante Branco - O Filme


Resenha do filme Elefante Branco
 

O filme Elefante Branco de Pablo Trapero, demonstra através de seus personagens centrais, padre Julián (Ricardo Darín), padre Nicolás (Jérémie Renier) e a assistente social Luciana (Martina Gusman) o estado de miséria e abandono que a favela de Villa Virgen localizada próxima a construção abandonada (daí o nome Elefante Branco) do que seria o maior hospital da América Latina, na cidade argentina de Buenos Aires.

Padre Julián tenta desenvolver um trabalho social que ao mesmo tempo afaste os jovens da droga e do tráfico e também permita a construção de novas casas populares para os habitantes da região. Enfrentando dificuldades como a falta de verbas, greve dos trabalhadores envolvidos na construção por não serem pagos, seus conflitos com a Arquidiocese que nitidamente se preocupa mais com política do que com a população, além do descaso do Estado diante da emergência social e econômica dessa população de trabalhadores. Padre Julián deixa claro toda a sua humanidade ao se mostrar cansado e  com medo de acabar odiando a todos como relata em uma cena.

O filme retrata a difícil realidade vivida por moradores de uma favela, mostra as expressões da questão social tão comuns a uma comunidade de pessoas muito pobres, a falta da vontade política, o convívio com a violência, com a falta de moradia digna, a aproximação com a igreja, e a luta pela efetivação de seus direitos básicos. Como as condições são de completo abandono os moradores procuram ajuda onde podem encontrar, no caso na igreja representada por padres que prestam serviços em forma de caridade. É como ainda vemos muito presente na sociedade contemporânea, onde o Estado não chega resta à população a benesse.

 Merece destaque o diminuto dilema ético entre o celibato a e paixão vivida entre padre Nicolas e Luciana, onde o mesmo não se indaga por viver essa paixão, mas sente um imenso peso ao ter assistido sem nada fazer a execução de toda uma família em sua missão na Amazônia, fato que talvez o tenha afastado da religião e pode ter contribuído por torná-lo mais humano.

No enredo o papel da assistente social, está muito ligado à igreja. Vimos como o Estado muitas das vezes responde com repressão as manifestações populares, a coerção também é constante nas favelas. Junto com a burocracia, a corrupção, a falta de vontade política, faz com que no filme a construção das moradias não avançasse. Normalmente o que beneficia essa parcela da população nem sempre tem continuidade. As pessoas que se envolvem e que trabalham com esse público não são muito valorizadas, daí vermos como caminha a precarização das condições de trabalho do assistente social.

O filme é um retrato da situação vivida em várias favelas na América Latina, em que o Estado não se faz presente (a não ser pelo aparato coercitivo com o objetivo de manter a ordem hegemônica) e suas responsabilidades são passadas para instituições religiosas com o intuito de amenizar as expressões da questão social tão avassaladoramente incididas sobre a população pobre como brilhantemente mostradas pelo diretor na película.

Conclui-se que nesse filme há uma vivencia entre os personagens onde engloba conflitos morais e materiais junto a diversos conflitos políticos e sociais. Ao mesmo tempo em que traça um olhar sobre a periferia argentina, nos mostra um olhar também da igreja católica e da polícia. É este o confronto que permeia o filme, uma luta contra o sistema faz com que o personagem principal entre em conflito com tantos opositores, seja na polícia, na política ou na própria igreja católica. Em sua visão, os interesses das organizações não podem ser maiores do que os interesses das classes menos favorecidas, independente de qualquer que seja estes interesses.

Nenhum comentário:

Postar um comentário