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segunda-feira, 15 de julho de 2013

Trabalho Final





JUSTIFICATIVA

Em virtude de um conjunto de ações da Secretaria Especial de Ordem Pública criada no ano de 2009 pelo atual prefeito da cidade do Rio de Janeiro Eduardo Paes estabeleceu-se o recolhimento de lixos, mercadorias ilegais de ambulantes, e também de pessoas que fazem da rua sua moradia, alocando-as nos abrigos municipais, muitas vezes de forma arbitrária promovendo assim um choque de ordem humano.
Diante desse cenário, percebemos na atividade de campo que houve a drástica redução da população em situação de rua nos bairro do Largo machado, Catete, Glória e Lapa, sendo esse o objeto de nosso projeto de intervenção.
Pautada na Política Nacional da Inclusão Social da População em Situação de Rua, as ações profissionais dos Assistentes Sociais serão voltadas a informação, esclarecimentos, acesso, viabilização de direitos, que visa resgatar os vínculos familiares, afetivos, cultural e de trabalho, desta população que vivem em situação de risco e vulnerabilidade social, reconhecendo-os como sujeitos de direito e contribuindo no processo de autonomia desses atores sociais, cujas potencialidades foram execradas pelo modo de produção capitalista.
Dentro deste contexto, tomaremos como referencia para a nossa prática de intervenção social a instituição Rio Acolhedor,  localizado no bairro Paciência no Rio de Janeiro. O Rio Acolhedor Paciência – Unidade Municipal de Reinserção Social foi instituído a partir do Decreto Nº 34082, de 04 de julho de 2011, está fincado em uma área de 84.000m2 dividas em dois prédios, totalizando 5.500m2 de área construída.  O RAP foi concebido com característica de Central de Recepção de grande porte e capacidade inicial para 350 metas. Posteriormente esta capacidade foi aumentada para 400 metas, conforme Resolução SMAS nº 32, de 30 de Dezembro de 2011, e sendo certo que nossas condições atuais atendem plenamente esses números de metas, que para alcançar a sua totalidade estão assim descritos:

I. 47 (quarenta e sete) idosos, sendo 37 homens e 10 mulheres, distribuídos em 05 quartos;
II. 72 (setenta e duas) mulheres, distribuídas em 03 quartos e 01 triagem de 1º abrigamento;
III. 231 (duzentos e trinta e um) homens, divididos em 08 quartos e 01 triagem de 1º abrigamento.

 OBJETIVOS

·                     Objetivo Geral:
-  Intervir com um conjunto de ações profissionais que visam promover a informação, esclarecimento, acesso e viabilização de direitos da população em situação de rua, que se encontram abrigada na Instituição Rio Abrigo

·                     Objetivos Específicos:
-  Produzir, analisar e disponibilizar dados sobre a população em situação de rua que se encontra abrigada na referida Instituição à Secretaria Municipal de Assistência Social;
-  Contribui para o processo de autonomia da população em situação de rua;
-  Identificar a origem desses abrigados para possíveis ações que visam o resgate dos seus vínculos familiares e comunitários;
-  Problematizar as condições de vida que possam identificar as causas que os levaram às ruas;
-  Contribui para o processo de autonomia da população em situação de rua;
-  Promover junto ao Estado e Sociedade civil oficinas que possibilitem a profissionalização desses indivíduos;
- Viabilizar o atendimento médico àqueles que apresentam problemas relacionados à saúde, incluindo dependência de álcool e outras drogas;
-  Contribuir  para a efetivação da Política Nacional da População em Situação de Rua;
- Contribuir para os Movimentos Nacionais da População em Situação de Rua e com seus atores sociais no tocante de seus direitos, legalmente instituídos. 

PROCEDIMENTOS OPERACIONAIS

• O (s) interlocutor (es) a quem se dirige a ação:
À população em situação de rua.

• Os procedimentos adotados para viabilizar a ação (instrumentos e técnicas):
Em razão da política de recolhimento estabelecido no município do Rio de Janeiro, parcela da população em situação de rua foi abrigada nas institucionais municipais responsáveis, local que se tornou propicio para a realização de um trabalho voltado a essa população, que é marcada pelo estigma, desenraizamento, expulsão e privação de toda ordem. Cabe ao Serviço Social realizar atendimento individualizado e grupo de reflexão no abrigo municipal, bem como realizará visitas domiciliares as famílias, cujos vínculos ainda não foram interrompidos para que haja um resgate de pertencimento e aproximação entre a população em situação de rua com seus parentes, para que possam contribuir ao fortalecimento psicossocial e amparo desse ente. À família em que houve o rompimento dos vínculos, há de fazer um trabalho minucioso de investigação e busca, de modo a restabelecer os vínculos familiares.

• O conteúdo a ser dado à ação:
As ações e intervenções profissionais do Serviço serão pautadas na Política Nacional para Inclusão Social da População em situação de Rua e das reivindicações do Movimento Nacional da População de Rua, tendo como objetivo abarcar questões essenciais concernentes à parcela da população que faz da rua seu espaço referencial de vida e de identidade. O trabalho realizado será voltado à informação, esclarecimentos, acesso, viabilização e conscientização dos direitos da população em situação de rua para que se efetive a busca por uma melhor qualidade de vida e autonomia desses atores sociais que foram excluídos da lógica do sistema capitalista.

• Os responsáveis pela execução:
Assistentes Sociais alocados nos abrigos Municipais.

• Periodicidade da ação:  
Haverá acolhimento nos abrigos diariamente para atender a demanda que busca os serviços sociais. Posteriormente a essa fase ocorrerá atendimento individual com prévio agendamento a depender do grau de exigência que o caso necessite, concedendo atendimento de urgência e prioridade nos casos mais urgentes, com o objetivo do acompanhamento social dos abrigados, para que possam ser orientados sobre seus direitos e a viabilização dos mesmos, bem como o encaminhamento devido à rede, de modo a garantir que haja uma melhor satisfação da demanda do usuário.  A reunião de grupo de reflexão ocorrerá duas vezes por semana, com a duração de 1 hora e meia por encontro com temas diversificados e escolhidos conjuntamente pelos assistentes sociais e o grupo, onde se trabalhará questões relevantes, estimulando assim a participação de todos, através de uma dinâmica de grupo, de modo a criar vínculos entre os participantes e desses com os profissionais.

RECURSOS

• Humanos:

O Rio Acolhedor Paciência conta em seu quadro de funcionários, com 192 profissionais, distribuídos entre Assistentes Sociais, Psicólogos, Fonoaudióloga, Nutricionista, Enfermeira, Profissionais de Educação Física, Pedagoga, Educadores (as) Sociais, Cozinheiros, Auxiliares de Cozinha, Técnicas de Enfermagem, Agente de Portaria, Auxiliares Administrativo, Cuidadores para idosos, Auxiliares de Apoio Logístico, Auxiliares de Serviços Gerais, além da Equipe de Assessores da Direção e da Coordenação do Projeto Rio Acolhedor, que são permanentemente capacitados para o melhor desempenho de suas atividades laborativas. No que se trata do projeto em questão utilizaremos de equipes compostas por um Assistente Social, um Psicólogo e um Educador Social.

• Materiais:

A instituição conta com salas de aula prontas e em funcionamento, laboratório de informática, sala de leitura, auditório, sala para guarda de eventuais medicações, sala de convivência com TV para idosos, sala de convivência com TV para adultos. Dentro dessa estrutura que a instituição comporta, nossa atuação será efetivada dentro de seus cômodos e os instrumentos utilizados serão mídia audiovisual, panfletos informativos, automóvel da instituição para locomoção quando necessário e material para a intervenção do Serviço social (Entrevista, Dinâmica de grupo, Perícia social).

• Financeiro:

Um dos aspectos mais importantes para a realização de uma política pública é a forma de financiamento. Ou seja, como serão providos, distribuídos e aplicados os recursos necessários para a sua execução. É um processo que deve acontecer de maneira transparente – com prestação de contas à sociedade – e contemplando as regiões abrangidas de forma equivalente, respeitando suas diversidades.
Conforme previsto pela Constituição Federal, as políticas públicas da seguridade social – o que inclui as da assistência social – devem ser financiadas com a participação de toda a sociedade, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União, do Distrito Federal, dos estados e municípios e das diversas contribuições sociais.
Os recursos de cada ente federado para a execução da Política Nacional de Assistência Social (PNAS) são alocados em seus orçamentos, pelos quais se efetiva a gestão financeira da política. Os recursos federais do cofinanciamento da assistência social são alocados no Fundo Nacional de Assistência Social (FNAS). Por sua vez, os recursos do Distrito Federal e dos estados e municípios para o cofinanciamento são alocados, respectivamente, no Fundo de Assistência Social do Distrito Federal (FAZ/DF) e nos Fundos Estaduais e Municipais de Assistência Social, constituídos como unidades orçamentárias.
Para apoiar a execução dos serviços socioassistenciais de caráter continuado da PNAS no Distrito Federal e nos estados e municípios, os recursos do FNAS são transferidos regular e automaticamente aos fundos regionais e locais. Para o apoio a projetos e programas com duração determinada, os recursos são repassados por meio da celebração de convênios e contratos de repasse (este último tem como agente financeiro a Caixa Econômica Federal).
A organização e a gestão da execução da PNAS acontecem por meio do Sistema Único de Assistência Social (Suas) que, por meio da sua Norma Operacional Básica (NOB/Suas), define as condições gerais, os mecanismos e os critérios de partilha para a transferência de recursos federais para o Distrito Federal e os estados e municípios.  

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
DECRETO Nº 7.053 DE 23 DE DEZEMBRO DE 2009. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D7053.htm
 Acessado em: 14 de Julho de 2013

VINAGRE, Marlise. Ética, Direitos Humanos e Projeto Profissional Emancipatório, In: ÉTICA E DIREITOS: ENSAIOS CRÍTICOS; Valéria Lucilia & Guerra, Yolanda – Ed 3 – Rio de Janeiro: Lumen Juris; RJ, BRASIL; 2011.







quarta-feira, 10 de julho de 2013

Adoção

Adoção 







Autor: 
Márcia Podgornik Abramovici , Assistente social Judiciária chefe-Vara da Infância e Juventude do Fórum Regional do Ipiranga - São Paulo/Capital 
Artigo publicado no livro "A Saúde de Nossos Filhos", Editora Publifolha, São Paulo, 2002

     A adoção inicia-se a partir do momento em que um casal ou mesmo uma pessoa solteira decide procurar os meios legais para concretizá-la. O primeiro passo é procurar a Vara da Infância e Juventude (que funciona nos Fóruns) mais próxima de sua residência e aí receber as instruções sobre a documentação exigida: documentos de identidade, certidão de casamento, comprovante de endereço, atestados de sanidade física e mental, atestado de antecedentes criminais e comprovantes de rendimentos.

      A seguir são agendadas entrevistas com os setores técnicos do Juízo: assistente social e psicólogo. A partir destas entrevistas será conhecido o perfil do interessado em seus aspectos sociais e psicológicos. São bastante aprofundados os questionamentos sobre a motivação que levou os interessados a decidir sobre a adoção. Estas respostas definem se realmente a pessoa deseja adotar para ser pai ou mãe de uma criança ou se deseja fazer uma substituição de um filho falecido ou ainda se deseja uma companhia ou até perpetuar um patrimônio familiar. Qualquer destas motivações, que são diagnosticadas pelos técnicos, é motivo para que a pessoa interessada seja encaminhada a um profissional especializado, a fim de ser submetida a uma terapia para abordagem e correção do eventual problema. Quando isso ocorre, é marcada uma reavaliação em ocasião oportuna.

     Nas entrevistas técnicas são abordados aspectos relevantes sobre a criança pretendida, tais como cor, sexo, idade, se aceitam gêmeos ou grupos de irmãos, além de situações legais e de saúde. Nas situações legais, aborda-se, por exemplo, se o interessado aceita uma criança que ainda não está destituída do pátrio poder, ou seja, ainda está vinculada à família de origem por motivos processuais, mas vivendo em uma instituição, já com chances de iniciar uma vida em família substituta.

     Quanto aos aspectos de saúde, questiona-se aos interessados se desejam ou não adotar crianças com alguma deficiência física, mental ou patologia crônica, incluindo se é portadora de vírus da imunodeficiência, ainda considerado um fator de rejeição. Além disso, é importante saber dos interessados, se aceitam uma criança filha de pais biológicos alcoólatras, usuários de drogas ou aidéticos, mesmo que ela não tenha seqüelas relacionadas. Questiona-se também sobre aspectos emocionais ou provenientes de traumas tais como crianças vítima de estupro, incesto ou vitimizadas. É preciso esclarecer que, na maioria das vezes, as crianças passam por todos os exames durante a tramitação do processo.

     Estes questionamentos visam deixar bem claro aos interessados que a escolha será respeitada e que serão convocados no momento em que a criança com as características escolhidas surgir. Esta criança pode já estar em uma instituição ou ser proveniente de abandono ou vítima de maus tratos, porém, todas elas deverão passar pelas Varas da Infância e Juventude. Não é aconselhável que uma pessoa inicie uma visita periódica a uma instituição de abrigo e “se apaixone” por uma determinada criança, pois nem sempre a criança acolhida está disponível para adoção. Nestes casos, muitas pessoas criticam o fato das instituições estarem lotadas de crianças, entretanto, é preciso saber a situação processual de cada uma delas antes de escolhê-las como mercadoria.

     Após as entrevistas técnicas são elaborados pareceres sociais e psicológicos que são apreciados pelo Promotor de Justiça e pelo Juiz da Infância e Juventude. Em seguida, é determinada visita domiciliar que é feita pelo mesmo assistente social que realizou a entrevista inicial. Também há a elaboração de um laudo sobre esta visita e com todo o processo montado, novamente promotor e juiz avaliam, habilitando os interessados que, a partir deste momento entram em uma lista de espera que é rigorosa. No estado de São Paulo existe o Cadastro Único de Adoção, para onde são enviadas as habilitações de pessoas interessadas que se inscreveram em todo o estado. Portanto, às vezes, um casal do interior é chamado para uma criança de um bairro qualquer da capital, sempre tendo em vista as características da criança que escolheu.

     Quando surge a criança possível de ser adotada, a pessoa é chamada novamente perante os técnicos da Vara da Infância que lhe esclarecem sobre as condições desta criança e onde ela se encontra (geralmente em uma instituição ou eventualmente em hospital ou maternidade). A pessoa recebe uma autorização judicial para entrar no local onde a criança se encontra e conhecê-la. É bom lembrar que neste momento a pessoa está em um nível alto de ansiedade e, muitas vezes decepciona-se, devido às idealizações. Nesta oportunidade pode ocorrer ou não a empatia necessária para a concretização da adoção.

     As pessoas retornam aos técnicos da Vara da Infância com resposta favorável ou não. Se não for favorável, ou seja, se não ocorreu a empatia, o interessado retorna à lista. Caso aceite a criança, inicia-se o trâmite legal. Recebe nova autorização judicial para retirar a criança da instituição e recebe um termo de guarda e responsabilidade provisório, assinando uma formalização do pedido onde deve constar claramente o nome que pretende dar à criança.

     É preciso esclarecer que o prenome pode ser modificado desde que ela ainda não se conheça pelo nome que lhe foi dado e também, às vezes, a criança ainda nem tenha sido registrada. Todavia, quando a criança já é maior e já se reconhece pelo prenome, não há como alterá-lo a fim de que não passe por problemas de identidade futuros.

     É realizada ainda mais uma visita domiciliar, agora com a criança presente na casa, elaborando-se novo laudo que vai subsidiar a sentença judicial. Este é o momento do estágio de convivência determinado em tempo pelo juiz. Durante este período é procedida a destituição do pátrio-poder da criança de seus pais biológicos, através de sentença proferida pelo juiz. A partir daí, por mandado judicial a criança será inscrita no registro civil com os nomes de família dos interessados bem como de seus ascendentes. A certidão de nascimento anterior fica automaticamente cancelada.

     Todas estas medidas estão descritas em lei: Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº. 8.069, de 13 de julho de 1990 – Artigos 39 a 52 (Da Adoção).

     Atente-se ao artigo 48 que diz que a adoção é irrevogável. Deve ficar bem claro aos interessados que mesmo que ele vier a ter um filho natural nada poderá alterar a condição de filho legítimo do adotado. Mesmo se os pais adotivos vieram a falecer não é permitido que se restabeleçam os vínculos com a família natural. Entretanto, aos pais adotivos também cabe a medida de destituição de pátrio-poder caso venha a surgir algum motivo que a defina. Não se “devolvem” crianças adotadas. O que pode ocorrer é uma segunda perda para a criança, causando a ela graves problemas psicológicos.

     A revelação da adoção é um momento polêmico pelo qual os adotantes passam. Sem dúvida alguma, ela deve ser feita pelos pais adotivos, caso contrário a criança ao tomar conhecimento de sua real condição, através de estranhos ou de maneira casual poderá vir a perder a confiança nos pais, gerando conflitos que podem ser difíceis de serem resolvidos ou mesmo irreversíveis. Conviver com esse risco é uma experiência muito dolorosa. O momento adequado para esta revelação é que se torna mais difícil. Na verdade, aí entra uma certa dose de intuição por parte dos pais adotivos os quais devem procurar mostrar ao filho, gradativamente, sua condição além de valorizar com ele tudo o que ambos os lados conseguiram ganhar com a adoção, minimizando as perdas. Não importam as diferenças entre cor da pele, tonalidade e características dos cabelos tanto para amigos, vizinhos ou colegas da escola, desde que a criança reconheça-se como membro daquela família e consiga, com segurança, ultrapassar certas brincadeiras, às vezes cruéis.

     Esta situação em nada muda se o adotante fizer a “adoção irregular” que significa registrar a criança como filho legítimo, porém proveniente de uma mãe conhecida ou através de terceiros. Sempre haverá o “fantasma” da possibilidade dos pais biológicos aparecerem e através de ameaças ou chantagens, tentar revelar a adoção causando sérios problemas de relacionamento entre adotante e adotado. Pode ainda ser a causa de situações constrangedoras entre casais amigos, evitando-se comentários. Além disso, é preciso esclarecer que a “adoção irregular” é crime previsto em código penal.

sábado, 6 de julho de 2013

Resenha do texto: América Latina e os Direitos Humanos de Rossana Rocha Reis



O texto faz um breve relato sobre a trajetória dos direitos humanos e a participação de países da América Latina nesse processo.
Há indicações das inegáveis influências da Declaração de Independência Norte-Americana de 1776 e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 da França, no entanto, a autora coloca uma interrogação sobre o que teria acontecido ao longo de quase 200 anos dados desde os tais documentos até a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948.
Com o fim da Segunda Guerra, esse debate acerca dos direitos humanos foi ganhando força, inclusive por vertentes políticas e sociais antagônicas, o que apontou um pluralismo sobre o sentido desses tais direitos.
A autora coloca como exemplo a situação do Haiti e sua Revolução em 1791, onde a população que já vivia em conflito entre si, se rebelou (com o protagonismo dos escravos) contra os exércitos da França, Inglaterra e Espanha, o que garantiu a abolição da escravatura e a criação da República do Haiti treze anos depois. Vale salientar que o Haiti foi o país que protagonizou a existência de um artigo em sua constituição que condena a discriminação de um indivíduo por conta de sua raça.
Sendo assim, a Revolução Haitiana e sua Constituição, junto a Declaração de Independência Norte-Americana e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão se transformaram em base para os ideais de Libertação de Simon Bolívar e consequentemente nas Constituições de muitos países da América Latina.
A Constituição Mexicana de 1917 foi um marco no que tange a proteção dos direitos econômicos e sociais. Esse documento coloca limites no que diz respeito à propriedade privada além de salvaguardar as tradições indígenas. A Constituição do México foi de tamanha relevância que causou impacto não só nas formulações constitucionais da América Latina, como alcançou a Europa e respaldou a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Tamanho era seu desenvolvimento no que diz respeito aos direitos humanos.
Em Janeiro 1941, o então presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt fez um discurso falando da importância das quatro liberdades: Liberdade de expressão, religião, da miséria e do medo. Em Agosto do mesmo ano, Roosevelt juntamente com o primeiro-ministro Britânico Winston Churchil, divulgaram a Carta Atlântica que falava acerca de entrada dos Estados Unidos na Segunda Guerra Mundial, assim deixando evidente a contradição que havia no discurso de Roosevelt anteriormente proferido, onde ele pregava a segurança, o desarmamento e a liberdade como indissociáveis dos direitos humanos. Com o fim da Segunda Guerra, o tema direitos humanos já não “sobe mais aos palanques”, e fica claro que não passava de discurso, esvaziado de práticas reais.
Diante da falta de interesse das poderosas nações em desenvolver os direitos humanos, a luta pelo tal, veio de países bem menos poderosos, foi nesse momento que os movimentos sociais ganharam força para reivindicar e pressionar a ONU, daí se deu o protagonismo de muitos países da América Latina na negociação e até mesmo redação da Declaração de 1948.
A autora salienta que a Declaração Universal dos Direitos Humanos tem uma base nos valores ocidentais e forte influência dos documentos da França e dos Estados Unidos, no entanto, essa declaração é também resultado de muita insistência dos movimentos sociais e organizações não governamentais vindos dos países latino-americanos que lutaram pela cristalização desses direitos.

Referência Bibliográfica:


REIS, Rossana Rocha. A América Latina e os direitos humanos. Contemporânea – Revista de Sociologia da UFSCar. São Carlos, Departamento e Programa de Pós-Graduação em Sociologia da UFSCar, 2011, n.2, p. 101-115.



sexta-feira, 21 de junho de 2013

O Desconhecer da História de quem fez História...




Manifestações no Rio de Janeiro

No dia 20 de Junho de 2013 estive na manifestação junto aos partidos políticos (havia neles muitos conhecidos meus e professores da ESS/UFRJ) até que tive que sair pra encontrar umas amigas (também da faculdade) e depois não consegui voltar, eles avançaram muito e por conta de um número enorme de pessoas, não era possível alcançá-los mais.
Havia uma excessiva hostilidade da galera "super politizada" que a todo tempo ameaçava os militantes. 
Não fui de branco pois não é reveillon e não acredito nesse tipo de paz que a autocracia burguesas nos impõe, fui de preto e com um casaco vermelho amarrado na cintura para mostrar o meu irrestrito apoio aos partidos de esquerda, que sempre, vejam bem, sempre estiveram na luta. Isso não é oportunismo! Greve dos bombeiros, quem estava lá? Partidos de esquerda como: PCB, PSTU e PSOL, além do sindicato da categoria e o movimento estudantil. Greve dos professores, quem estava lá? Os mesmos partidos de esquerda, além dos sindicatos da categoria e o movimento estudantil. Ditadura Militar, quem estava lá? Sindicatos de diversas categorias, movimento estudantil, partidos políticos e movimentos sociais de esquerda que inclusive entraram na ilegalidade, cujos seus integrantes foram procurados, torturados, exilados, desaparecidos e mortos... Com as manifestações atuais, vem pra rua uma uma penca de pessoas que não conhecem a história do próprio país e nunca levantaram a bunda do sofá diante da tv e se sentem no direito de coagir e agredir os militantes que estão na luta desde sempre, isso é legítimo??? Isso é fascismo, repressão, ditadura burguesa! Para além disso, informo que os militantes não estavam na linha de frente ocupando todo um espaço a fim de mostrar que a manifestação é do partido deles, eles se colocaram na pista central da Presidente Vargas e se juntaram para deixar claro suas palavras de ordem, suas reivindicações e principalmente sua posição política. 
As mascarazinhas do Anonymous não me representa, mas nem por isso hostilizei quem as usava. A maioria das pessoas presentes na manifestação não entendem o que é democracia, muitos ali estavam só pra participar de um dos grandes eventos do ano!
Foi frustrante, só voltarei quando houver uma real liderança e que as reivindicações sejam discutidas em plenária e expostas de forma clara e que seja garantido o respeito a democracia. 
A divisão que aconteceu nessa passeata e nas outras é um retrato da fragmentação que a pós-modernidade nos proporciona, onde o esvaziamento político é o que predomina.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Dinâmica de Grupo

No debate em sala de aula do dia 18 de junho, a Dinâmica de Grupo foi um dos pontos destacados, dentre outros tantos, pela professora como uma das técnicas de intervenção social. Em nossas pesquisas encontramos o trabalho “DINÂMICAS DE GRUPO: INSTRUMENTOS NO PROCESSO DE FORMAÇÃO DE AGENTES SOCIAIS.” das autoras Mª de Fátima Pereira Alberto; Daniele Cristine da S. Cirino; Bernadete de O. Nunes; Mª Helena S. de F. Lins; Ádria Melo Soares; Alessandra Patricia de A. Dantas; Ingrid Santos Alves; Nozângela M. R. Dantas; Renata de S. Alves; Mª da Luz Alberto da Universidade Federal da Paraíba – UFPB onde descrevem e analisam “uma metodologia participativa de construção coletiva de saberes (pesquisa), voltada para a capacitação de agentes sociais dos movimentos sociais e de instituições públicas de assistência e de defesa da criança e do adolescente. Esta metodologia foi desenvolvida no Curso de Formação para Agentes Sociais na área do Trabalho Infanto-Juvenil Urbano e Rural na Paraíba.” Para pontuarmos o tema da Dinâmica de Grupo dentro deste trabalho destacamos:
 
“AS TÉCNICAS
As dinâmicas ministradas no processo de formação de agentes sociais contaram com uma metodologia participativa composta das seguintes técnicas:
1. Dinâmica do Reconhecimento pelo Tato - com o objetivo de ressaltar a importância do reconhecimento das coisas pelos sentidos; procurava chamar a atenção dos agentes pesquisadores para abrir-se para a investigação da realidade que já conheciam, mas que apresentava novos dados antes não valorizados.
2. Dinâmica da Escolha do Candidato - com o objetivo de mostrar a importância das escolhas livres de quaisquer julgamentos e/ou preconceitos; salientando que não devemos julgar as pessoas pela aparência.
3. Dinâmica da Dança Circular - com o objetivo de realçar a valorização do trabalho em grupo; salientando a harmonização, solidariedade, paciência no trabalho com o outro; mostrar aos participantes que cada passo dado só estaria em harmonia se estivesse no mesmo ritmo que os outros.
4. Dinâmica Passa-Passa de Energia - com objetivo de desenvolver a atenção, ritmo e agilidade, formando uma corrente de energia entre os participantes; de alguma forma as instituições estariam ligadas entre si.
5. Dinâmica Espelho-Guia - com o objetivo de exercitar a confiança e solidariedade no grupo; experienciar entre os participantes a sensação de guiar e ser guiado pelo outro.
6. Dinâmica do Reconhecimento - com o objetivo de ressaltar a importância da infância para todas as pessoas, fazendo-as lembrar que coisas passadas nos impulsionam para realização dos objetivos comuns, referentes a crianças e adolescentes.
7. Dinâmica Música Fórum - com o objetivo de propiciar ao grupo uma reflexão sobre a realidade social, visto que a letra da música retrata alguns aspectos do nosso país.
 
Também fez parte da formação o uso de dinâmicas para a avaliação do processo de aprendizagem. Adotada pela equipe de coordenação do projeto, a avaliação foi processual, utilizando-se das técnicas participativas ocorridas no desenvolvimento dos trabalhos, tomando em consideração todos os atores envolvidos. Em momentos específicos durante o desenvolvimento das dinâmicas, ocorreram as avaliações dos participantes, fundamentadas nos seguintes aspectos:
1. Cumprimento das atividades estabelecidas de comum acordo;
2. Reflexão crítica contínua;
3. Desempenho da atividade;
4. Coletivização das tarefas de trabalho.”
 
 
Uma outra questão a respeito desse tema é que quando se fala em “dinâmica de grupo” as pessoas logo a remetem a recreação. Entretanto, o que se diz uma “brincadeira”, não é fato que realmente seja uma. Ao utilizar essa técnica devemos ter em mente e orientar os demais a importância desta e remeter a dinâmica de grupo à facilitação, sensibilização, proximidade. Ter controle e conhecimento da técnica para que não fuja do objetivo e realmente se torne uma “brincadeira” é um dos deveres do profissional que se utilizará desta.
 
Um exemplo de Dinâmica de Grupo de Família retirado do site da PUC-RS:
 
“A família que queremos
Dinâmica para conversar sobre a família desejada.
 
 
Partindo da música Pais e Filhos, conversar sobre a família que temos e a família que queremos, com objetivo de perceber as semelhanças e diferenças entre a família real e a desejada.
 
- Distribuir a cada participante uma folha de papel e lápis. Pedir que dobre a folha ao meio descrevendo, individualmente, de um lado “A família que tenho” e, do outro, “A família que gostaria de ter”.
 
- Formar subgrupos para discussão dos seguintes pontos: Que pontos em comum eu encontro entre a família que tenho e a que gostaria de ter? O que há de semelhante entre a família que tenho e as dos demais componentes do subgrupo? O que há de semelhante entre a família que eu e meus companheiros gostaríamos de ter? O que é possível fazer para aproximar a família real da família ideal? Que mensagem queremos deixar para nossos pais (ou filhos)?
 
- Retornar ao círculo para as conclusões. Cada grupo conclui com uma mensagem sobre o tema e todos cantam refrão da música inicial.”
 
Alguns links interessantes sobre Dinâmicas de Grupo:
Site “Dinâmica de Grupo Online”
Manual de Dinâmica de Grupo – Nelson Vitiello
Outros exemplos de Dinâmica de Grupo
 
 
Referências:

sábado, 15 de junho de 2013

Um Diário de Campo...


Um Diário de Campo...


Rio de Janeiro, 14 de Junho de 2013.

            Hoje fiz minha primeira entrevista com o usuário. Ficamos na sala eu , minha supervisora e a acompanhante da usuária que estava internada no hospital. Comecei me apresentando e dizendo que iria fazer algumas perguntas e a acompanhante – que era uma moça de idade entre 18 a 20 anos – aceitou respondê-las. Assim que iniciei esqueci de informar a ela o porque da entrevista. Primeiro erro. Minha supervisora corrigiu-me e dei continuidade. Na sequencia vi que não tinha muita certeza de como fazer as perguntas. Aí começaram todas as dúvidas. Toda hora pedia auxilio a minha supervisora que com uma “paciência de Jó” ia me ajudando. Putz... Me senti uma ignorante... Algo que achei tão simples de fazer, agora me parecia um daqueles teoremas dos grandes matemáticos. Após os minutos que me pareceram horas, nos despedimos da moça e começamos a debater sobre o meu primeiro exercício prático. Minha supervisora me falou da importância de estar familiarizada com o instrumental que trabalhamos, da segurança que devo ter para efetivar esse trabalho e da importância de saber o objetivo das perguntas ali formuladas. Detalhe... tive uma aula há três dias atrás de técnicas interventivas sobre entrevista onde a professora havia falado exatamente isso. Só que na hora... nada! Fiquei um pouco frustrada com minha péssima atuação. Depois, fiquei pensando sobre a importância do estágio. Realmente a prática de nosso fazer profissional se faz necessária antes de nossa formação. Vejo que saio de aula absolutamente pronta para executar algo que não tenho a menor noção de minha reação diante da realidade. Tomei noção disso hoje. Apesar de ter ficado frustrada com essa minha primeira atuação, por outro lado adorei pensar que faço estágio e que terei tempo de me preparar para atuar como profissional. Logo, isso me leva a ter certeza sobre a importância do estágio, mas também fico pensando na dificuldade que é para conseguir alguma instituição que lhe ofereça ou aceite um pedido de vaga em estágio.

domingo, 9 de junho de 2013

Atividade de Campo


RELATORIO DA ATIVIDADE DE CAMPO

Trajeto: Largo do Machado à Lapa

– Largo do Machado

O ponto de partida foi no Largo do Machado, onde se verificou um grande fluxo de pessoas e veículos além de uma infra-estrutura muito boa de comércio formal e informal (autorizados pela prefeitura) bastante diversificada, compondo desde galeria a pólo gastronômico como: restaurantes, bares, barraquinhas de cachorro-quente, tapioca, pipoca, quiosque de flores e etc. Há ainda espaço de convivência e equipamento de ginástica para idosos, mesas e cadeiras de pedra em que havia um considerável número de pessoas jogando cartas.

Área comercial, polo gastronômico. Idosos jogando em mesas do local e vários jovens que saiam da escola ali ficavam por algum tempo “batendo papo”. Umas 4 barracas de floricultura (devem ser pessoas bastante românticas...) ambas abertas aquele horário (+ ou – 20:00h). Nos aparelhos de ginástica tinham mais jovens do que idosos – acho que devido ao horário, pois as atividades com os mesmos são efetivadas pela prefeitura na parte da manhã.

No entorno da praça há inúmeros prédios residenciais e comerciais, que contam com um bom sistema de segurança pública, haja vista a presença constante de Guardas Municipais. Tem ainda boas alternativas de transporte público, inclusive com uma estação de metrô com acessibilidade para deficientes físicos. Os moradores e frequentadores do Largo do Machado contam ainda com lixeiras espalhadas por toda praça e uma boa iluminação. Há ainda um contêiner de esterilização de animais da Prefeitura do Rio, a Escola Estadual Amaro Cavalcante, a Igreja de N.S. da Glória.

Na medida em que fomos nos afastando do Largo, percebemos que tudo foi mudando, a iluminação foi ficando mais precária assim como a coleta de lixo, até mesmo os imóveis e as lojas comerciais eram muito diferentes, a impressão que nos passava era de uma desvalorização de determinados locais dentro do mesmo bairro.

Observamos que casarões e sobrados com fachadas coloniais têm sido alugados ou comprados por grandes redes de lojas e bancos, deixando evidente a situação e peculiaridade do bairro, onde não há lugar para construir coisas novas a “solução” consiste em transformar o “velho” em novo.

 

 – Rua do Catete

Na medida em que fomos nos afastando do Largo caminhando pela Rua do Catete, rua esta deveras movimentada com transito de carro, ônibus e pedestres, percebemos que tudo foi mudando, a iluminação foi ficando mais precária assim como a coleta de lixo, até mesmo os imóveis e as lojas comerciais eram muito diferentes, a impressão que nos passava era de uma desvalorização de determinados locais dentro do mesmo bairro. Ao entrarmos na Rua do Catete a mudança visual é marcante. A mistura entre o novo e o histórico é extremamente notável. Postes de séculos passados se misturam aos letreiros luminosos do local. Onde mais foi preservado as antiguidades da rua foi ao redor do Palácio do Catete.

Observamos que casarões e sobrados com fachadas coloniais têm sido alugados ou comprados por grandes redes de lojas e bancos, deixando evidente a situação e peculiaridade do bairro, em que não há lugar para construir coisas novas a “solução” encontrada pelos comerciantes e empresários consiste em transformar o “velho” em novo.

 Verificou-se ainda uma rede hoteleira tradicional, que se harmoniza perfeitamente com os traços da arquitetura antiga do lugar.

– Catete

Bairro misto que se compõe de prédios residenciais e comerciais, onde há o contrate da arquitetura antiga, decorrente da ocupação da burguesia na virada do século XIX para o século XX, com a modernização que o bairro vem passando. As ruas são bem iluminadas com acessibilidade para cadeirantes. O bairro tem como seu grande marco histórico o Palácio do Catete que serviu de moradia para o então presidente Getúlio Vargas até o dia de seu suicídio, há também a Delegacia do Catete e Unidade de Policia Pacificadora (UPP) na comunidade do Santo Amaro (cuja entrada se dá pela Rua Pedro Américo), em razão da alta quantidade de venda de crack nesta comunidade. Nesta rua prevalece o residencial o que difere muito das outras em que o comércio toma quase que todos os imóveis das mesmas. O que chama a atenção foi que justamente quando saímos da área comercial apareceram as primeiras pessoas em situação de rua. Nesta rua também havia um casarão antigo transformado em cortiço.

 

– Bairro da Glória

O que se percebe ao entrar neste bairro é a precarização que se contrasta com a boa estrutura encontrada nos bairros anteriores. A começar pelo calçamento com dificuldade de acessibilidade e iluminação insuficiente e de péssima qualidade. É perceptível uma diminuição do comércio, o que pode qualificar o bairro como residencial, com casarões antigos que se tornaram cortiços, espaços comunitários. Detectamos a presença de Moto táxi que é um serviço de transporte bem atual.

Destacam-se o prédio decadente do INCRA, a inatividade do Hospital da Beneficência Portuguesa, a Igreja Positivista do Brasil que se encontra em reforma e cuja fachada há o seguinte pensamento escrito: “O amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim”.

Volta o comércio, porém não tão abrangente como nos dois primeiros endereços em que passamos. Há uma mistura equilibrada entre comércio e residências, porém não há vestígios de moradores de rua no local.

 

– Outeiro da Glória

Contemplamos a arquitetura francesa que embeleza o entorno do Outeiro da Glória. Destacando-se também a Gerência de Monumentos e o Chafariz da Prefeitura do Rio. Há por parte do poder público do Rio de Janeiro o interesse de transformar essa área em uma “Montmartre Carioca”.

            Apesar de a iluminação ser precária, há acessibilidade para cadeirante. No trajeto em direção a Lapa se percebe um grande ponto de prostituição de travestis.

– Lapa

Nas ruas que dão acesso ao bairro da Lapa o que se percebe são antigos sobrados que funcionam como “inferninhos” além de bares e botecos que em comum possuem a prática de ocupação do espaço público como por exemplo o bar Só Kana onde suas cadeiras e mesas ocupam a maior parte da calçada pública que fica entre as Ruas do Riachuelo e Mem de Sá, mesmo sendo este localizado próximo a uma cabine da prefeitura que não parece se incomodar com a situação. Há também de uns poucos moradores em situação de rua e catadores de recicláveis, que se abastecem em razão do acumulo de lixo na rua. Destacam-se uma unidade da UNIGRARIO, a Escola de Música da UFRJ, e a Sala Cecília Meireles que por sua vez segue a tendência da revitalização implementada na Lapa. Há ainda a construção de novos hotéis, que dinamiza a valorização do bairro. O prédio onde está instalado o clube ACM mistura o comércio com as residências em uma caótica organização de espaços. Ao redor do clube temos várias residências, porém dentro dele há instalada uma faculdade privada, e nas laterais alguns bares de pequeno porte. Isso tudo em um espaço não maior do que o próprio Largo do Machado (se é que chega a metade).

Seguimos caminhando até chegarmos a Rua Joaquim Silva para contemplarmos a famosa Escadaria do Convento de Santa Tereza, popularmente conhecida como Escadaria da Lapa ou Escadaria do Selarón, numa referência ao artista chileno Jorge Selarón que criou essa obra magnífica que contém azulejos do mundo inteiro. A Escadaria liga a Rua Joaquim Silva no bairro da Lapa (a alcunha de Bairro foi concedida à Lapa em 17 de Maio de 2012 pela Lei nº 5.407) à Ladeira de Santa Tereza, no bairro de Santa Tereza.

No fim da Rua Joaquim Silva, mesmo com a presença de alguns policiais e guardas municipais, havia de forma nada discreta o consumo de drogas ilícitas.

Na Lapa, verifica-se que um universo de entretenimento, desde bares, restaurantes, casas de show, botecos, acessíveis a todos os gostos e bolsos. Além dos tradicionais Arcos da Lapa cujo nome original é Aqueduto da Carioca, construído em 1723 com a função de levar água do Rio Carioca da altura do Morro do Desterro (atual bairro de Santa Teresa), para o Morro de Santo Antônio. A obra ajudaria a resolver o problema da falta de água na cidade. O Aqueduto é hoje considerado a maior obra arquitetônica feita no Brasil durante o período colonial. Possui 17,6 m de altura e 270 m de extensão e 42 arcos. Foi reformado em 1744, pelo governador Gomes Freire de Andrada, que lhe proporcionou maior solidez. No Século XIX, o aqueduto tornou-se obsoleto e foi desativado, passando (em 1896) a ser utilizado como viaduto de acesso dos bondes de Santa Teresa.

Em muitas paredes podemos observar grafites que contrastam com as fachadas de arquitetura colonial de muitas de suas construções. A Lapa é um ambiente onde o moderno e o “arcaico” se unem numa curiosa harmonia.